Transcrevivências de uma travesti: etnografando antropologias outras
Palavras-chave:
Transcrevivências. Travestis. Etnografia. Trans.Resumo
Este trabalho, a partir de um relato autoetnográfico, aspira discorrer sobre quais desafios as populações das travestis e pessoas trans, assim como as outras sobrevivências de populações em dissidência, tem cotidianamente tanto em suas trajetórias precarizadas, quanto no âmbito da educação. Quem pode fazer pesquisa e como escrever academicamente a partir dos critérios estabelecidos por uma ciência branca, masculina, europeia e cisheteronormativa, especificamente na Antropologia. A escrita se dá a partir de uma transcrevivência de parte da minha trajetória no território da Várzea, bairro da região oeste do Recife, especificamente na comunidade Padre Henrique, até a chegada ao mestrado em Antropologia da UFPE. Os relatos autoetnográficos representam uma importante mudança paradigmática nas formas de produção de conhecimento antropológico, em que aqueles que eram os grandes "Outros" da antropologia, os "objetos de estudo", passam agora a ter a própria voz na produção acadêmica e mudar a disciplina por dentro, no lugar de antropólogos e antropólogas. Não há pretensão de responder as diversas questões levantas, mas sim ampliar a reflexão sobre o gigante desafio de uma travesti negra, periférica em campo.
Referências
ARAÚJO, Tathiane Aquino; NOGUEIRA, Sayonara Naider Bonfim. Sem motivos para orgulho: diálogos e análises do contexto socioeconômico de mulheres travestis e transexuais no Brasil. Redetrans Brasil. 2020/2022
ARAÚJO, Tathiane Aquino; NOGUEIRA, Sayonara Naider Bonfim. A Espacialização da Transfobia no Brasil: assassinatos e violações de direitos humanos em 2021. Série Publicações Rede Trans Brasil, 6a. ed. Aracaju: Rede Trans Brasil, Uberlândia: IBTE, 2022.
BENEVIDES, Bruna G.; LEE, Débora. Por uma epistemologia das resistências: apresentando saberes de travestis, transexuais e demais pessoas trans. Revista Latino Americana de Geografia e Gênero, v. 9, n. 2, 2018.
BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa em assembléia. Ed. Civilização Brasileira. RJ, 2018.
CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de Racialidade: A construção do outro como não ser. Ed. Zahar. 2023.
CAVALCANTI, C.; BARBOSA, R.B. & BICALHO, P.P.G. Necropolítica em Operações Policiais a Travestis no Brasil Pós-redemocratização. (2018).
DANNEMANN, Angela. Escrevivência: um movimento necessário. Disponível em Artigo — Escrevivência: um movimento necessário (correiobraziliense.com.br) acessado em: 07/04/2024
FAVERO, S. Por uma ética pajubariana: a potência epistemológica das travestis intelectuais. Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, [S. l.], v. 7, n. 12, p. 1–22, 2020. DOI: 10.21680/2446-5674.2020v7n12ID18520. Disponível em https://periodicos.ufrn.br/equatorial/article/view/18520. Acessado em: 6 abr. 2024.
FUENTES, Patrick. Racismo ambiental é uma realidade que atinge populações vulnerabilizadas. Disponível em https://jornal.usp.br/atualidades/racismo-ambiental-e-uma-realidade-que-atinge-populacoes-vulnerabilizadas/ Acessado em: 05/04/2024
JESUS, Jaqueline Gomes de, ALVES Hailey. Feminismo transgênero e movimentos de mulheres transexuais. Disponível em https://periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/2150/pdf . Acessado em: 08-04-2024.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. trad. jess oliveira. 1. ed. rio de janeiro: cobogó, 2019.1
MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do Pacífico ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné, Melanésia. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
MARIZA, Peirano. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, 42 | 2014.
NASCIMENTO, Letícia Carolina Pereira do. Transfeminismo. São Paulo: Jandaíra, 2021. 192 p.
INGOLD, Tim. Epilogue: “Anthropology is not Ethnography.” In: ______. Being Alive. Routledge: London and New York, 2011.
SALGADO, Marta Patricia Castañeda. Etnografia feminista. In: Investigación feminista: epistemología, metodología y representaciones sociales / Norma Blazquez Graf, Fátima Flores Palacios, Maribel Ríos Everardo, coordinadoras. – México: UNAM, Centro de Investigaciones Interdisciplinarias en Ciencias y Humanidades: Centro Regional de Investigaciones Multidisciplinarias: Facultad de Psicología, 2012.
SOUZA, S. V. C. Transnarrativas sobre a relação das travestis, pessoas trans e a empregabilidade. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, 2023.
VEIGA, Edison. O que faz o Brasil ser líder em violência contra pessoas trans. Disponível em https://www.brasildefato.com.br/2021/07/01/o-que-faz-o-brasil-ser-lider-em-violencia-contra-pessoas-trans. Acessado em: 09/04/2024
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.