Entre afetos e afetações: artivismos lésbicos no contexto da pandemia da covid-19

Resumo

A conjuntura atual imersa em uma crise sanitária, econômica, política e social, em decorrência da propagação do vírus covid-19 pelo mundo forjou a necessidade de se implantar novos hábitos, dentre eles o isolamento social. Este artigo tem como objetivo apresentar como vem se configurando a atuação de artistas lésbicas ativistas no atual contexto pandêmico que passaram a utilizar as redes sociais como seu principal meio de movimentação artística e política. Assim, nos debruçamos nas produções artísticas de duas artistas lésbicas, a primeira é a maranhense Gê Viana que desenvolve sua pesquisa sobre as corpas consideradas abjetas, produz um trabalho a partir da perspectiva decolonial em que através da fotomontagem promove reflexões acerca da cultura colonizadora hegemônica nas artes. A segunda artista é a recifense Luiza Morgado que através de gravuras evidencia as tramas que envolvem o cotidiano sapatão. Para este artigo direcionamos nosso olhar para a série Trama que esteve presente na programação do festival virtual Conexão Sapatão em 2020 através do perfil do instagram @conexãosapatão. Nas gravuras que compõem a série são autorretratos de momentos vividos pela artista com a sua companheira e com sua filha, que a partir do olhar sapatão utiliza o afeto como uma metáfora de resistência e luta. Nesse sentido, nossa proposta tem as duas produções artísticas como ferramentas para pensar o afeto sapatão como mecanismo de reivindicação da visibilidade lésbica nas artes e nas ruas, bem como é um ato de resistência em tempos de ataque as corpas e sexualidades dissidentes.