“É A ÂNSIA DE QUEM NUNCA FALOU”: REPRESSÃO À LESBIANDADE E AO MOVIMENTO LESBIANO ORGANIZADO NA “ABERTURA POLÍTICA”
Palavras-chave:
lesbiandade, ditadura civil-militar brasileira, repressão, movimento lesbianoResumo
O presente trabalho gira em torno da problemática da repressão à lesbiandade e ao movimento lesbiano organizado. Objetivamos analisar e discutir esta repressão em esferas político-sociais no período da Ditadura civil-militar no Brasil. Apontaremos as principais formas de repressão contra as organizações políticas formadas por mulheres lesbianas, desde o seu nascimento na fase de abertura política, na década de 1970 até o ano de 1983. Além disso, questionaremos a invisibilidade e a marginalização que envolve as discussões acerca das organizações lesbianas e à própria lesbiandade. Os principais grupos que utilizaremos para análise serão o Grupo Lésbico-Feminista (LF), que posteriormente tornou-se o Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF), formados na cidade de São Paulo; juntamente com o Grupo Libertário Homossexual (GLH), formado em Salvador, na Bahia. Materiais jornalísticos da imprensa alternativa como: O Repórter, Em tempo, Convergência Socialista e o Lampião da Esquina – o principal jornal sobre a temática homossexual na ditadura – e dossiês investigativos obtidos a partir do Arquivo Nacional serão as fontes primordiais para demonstrar como a repressão aos movimentos lesbianos, formalizada na justificativa da defesa da moralidade e dos “bons costumes”, ultrapassou as esferas ideológicas do período ditatorial. Os grupos supracitados lidaram com acusações, investigações e restrições de suas manifestações pelos agentes do Estado, ao passo que também expuseram as contradições de outros movimentos que eram alinhados politicamente com o movimento lesbiano, como o feminista e o homossexual masculino.

