O TERRITÓRIO USADO PARA A ENTREGA DE ALIMENTOS DEMANDADOS POR APLICATIVOS NA CIDADE DO NATAL - RN
DOI:
https://doi.org/10.70261/er.v26i2.74752Palavras-chave:
Usos do território, Circuitos da economia urbana, Uberização do trabalho, Empresas-aplicativo, NatalResumo
No período técnico-científico-informacional, as atividades econômicas são realizadas com os usos dos objetos técnicos determinados pelos agentes hegemônicos do mercado, fato que transforma a economia urbana por intermédio da capilarização social e territorial dos aplicativos digitais. Esses definem o capitalismo de plataforma, possibilitando os serviços de transporte de pessoas e de entrega de alimentos demandados por aplicativos. Tais serviços são desempenhados, sobretudo, por agentes não hegemônicos do mercado, no contexto da uberização do trabalho, no qual a exploração do trabalho é intensificada, os direitos trabalhistas são negligenciados ou flexibilizados, as jornadas de trabalho não têm limite máximo definido, não há garantia de remuneração e os riscos e custos fixos do trabalho são transferidos para a responsabilidade dos trabalhadores. Assim sendo, o território é usado de modo desigual e hierárquico. As empresas-aplicativo usam o território para a obtenção da mais-valia, ao contrário, os trabalhadores vinculados à essas empresas, usam o território com o intento da sobrevivência. Com esse entendimento, o objetivo da pesquisa é analisar os usos do território pelos agentes dos circuitos da economia urbana para a entrega de alimentos demandados por aplicativos na cidade do Natal - RN, no período técnico-científico-informacional. Para alcançar esse objetivo foram realizadas pesquisas bibliográfica, de dados estatísticos, documental e de campo. Os resultados alcançados sublinham a desigualdade do território usado e a intensificação da precarização do trabalho e da complementaridade dos circuitos da economia urbana, na perspectiva da subordinação da economia não hegemônica às intencionalidades do circuito superior.
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