COMPREENDENDO A DUBAI BRASILEIRA E A (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO À LUZ DOS PROMOTORES IMOBILIÁRIOS, PROPRIETÁRIOS FUNDIÁRIOS E DO ESTADO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.70261/er.v26i2.74782

Palavras-chave:

segregação espacial, agentes sociais, direito à cidade

Resumo

É por meio da ideologia que as classes hegemônicas reforçam e legitimam as condições sociais de exploração e de dominação, e fazem que com estas pareçam verdadeiras e justas. A dominação por meio do espaço, pode ser chamada de segregação socioespacial, e consiste na produção de áreas homogêneas do ponto de vista social ou funcional, em geral baseadas pela concentração de renda. O espaço urbano torna-se palco para a luta de classes. A apropriação do espaço urbano exercida pelos agentes hegemônicos, ignora a função social terra e do direito à moradia e as transformam em uma mercadoria. É a força do capital imobiliário e fundiário que balizam a distribuição dos investimentos públicos no território, em desfavor dos excluídos. Assim, esse artigo objetiva analisar a atuação dos agentes produtores do espaço urbano, sob a ótica dos interesses do setor imobiliário, fundiário e do Estado. A mudança extrema na paisagem da cidade de Balneário Camboriú motivou esse estudo.

 

Biografia do Autor

João Pedro Stippe Schmitt, Udesc

Udesc

Vivian da Silva Celestino Reginato, UFSC

Possui pós-doutorado em Modelação Geográfica e Gestão Territorial pela Universidade Nova de Lisboa, possui doutorado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestrado em Sensoriamento Remoto e graduação em Engenharia Cartográfica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalhou por doze anos na Empresa CGT Eletrosul como Engenheira Cartógrafa concursada. Atualmente é professor adjunto II da Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisadora do Grupo Engenharia de Avaliações e Perícias (GEAP). Tem experiência nas áreas de Modelagem Geográfica e Análise Espacial, Sistemas de Informações Geográficas, Sensoriamento Remoto, Geodésia, Cadastro, Topografia, Cartografia Digital, Qualidade e Atualização Cartográfica, Análises de visibilidade e intervenção na paisagem. Atua nos seguintes temas: produção e controle de qualidade de produtos cartográficos/altimétricos, geração de bases cartográficas para SIG, modelagem tridimensional para simulação de cenários, incluindo BIM, estudos de viabilidade para geração de energia elétrica por fontes renováveis, produção de produtos cartográficos para análise da pandemia de Coronavírus, levantamentos para acessibilidade, modelagem conceitual e geográfica, integração GIS X BIM.

Referências

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Publicado

16.12.2024

Como Citar

STIPPE SCHMITT, João Pedro; REGINATO, Vivian da Silva Celestino. COMPREENDENDO A DUBAI BRASILEIRA E A (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO À LUZ DOS PROMOTORES IMOBILIÁRIOS, PROPRIETÁRIOS FUNDIÁRIOS E DO ESTADO. Espaço em Revista, Catalão, v. 26, n. 2, p. 160–177, 2024. DOI: 10.70261/er.v26i2.74782. Disponível em: https://periodicos.ufcat.edu.br/index.php/espaco/article/view/74782. Acesso em: 22 abr. 2025.

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