COMPREENDENDO A DUBAI BRASILEIRA E A (RE)PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO À LUZ DOS PROMOTORES IMOBILIÁRIOS, PROPRIETÁRIOS FUNDIÁRIOS E DO ESTADO
DOI:
https://doi.org/10.70261/er.v26i2.74782Palavras-chave:
segregação espacial, agentes sociais, direito à cidadeResumo
É por meio da ideologia que as classes hegemônicas reforçam e legitimam as condições sociais de exploração e de dominação, e fazem que com estas pareçam verdadeiras e justas. A dominação por meio do espaço, pode ser chamada de segregação socioespacial, e consiste na produção de áreas homogêneas do ponto de vista social ou funcional, em geral baseadas pela concentração de renda. O espaço urbano torna-se palco para a luta de classes. A apropriação do espaço urbano exercida pelos agentes hegemônicos, ignora a função social terra e do direito à moradia e as transformam em uma mercadoria. É a força do capital imobiliário e fundiário que balizam a distribuição dos investimentos públicos no território, em desfavor dos excluídos. Assim, esse artigo objetiva analisar a atuação dos agentes produtores do espaço urbano, sob a ótica dos interesses do setor imobiliário, fundiário e do Estado. A mudança extrema na paisagem da cidade de Balneário Camboriú motivou esse estudo.
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