“Histórias Para Ninar Gente Grande ”: ações pedagógicas antirracistas na Rede pública estadual do Rio de Janeiro

Autores

  • Tiago Dionisio PPGeo/UERJ e SEEDUC/RJ
  • Carla Lopes SEEDUC/RJ

Palavras-chave:

Educação antirracista; experiencias pedagógicas; educação básica.

Resumo

O presente artigo estabelece algumas considerações sobre as perspectivas e os desafios para implantação da Lei 10.639/2003 no sistema educacional brasileiro. A referida Lei, ao alterar a Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, nº 9394 de 1996), tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nos curriculares escolares. Resultado de uma antiga reivindicação do movimento negro que defendeu e defende uma educação antirracista. a partir dessa perspectiva, que torne o processo de ensino/aprendizagem, desmistificador e não opressor, que este tem como objetivo central, a presentar duas experiências de práticas pedagógicas antirracistas na educação básica na Rede pública do estado do Rio de Janeiro, não com uma mera receita metodológica, mas como uma possibilidade, entre muitas outras, de construção de práticas antirracista na educação básica. Levando isso em conta, aqui se defende que esse debate seja ampliado para além dos componentes curriculares de História, Artes e Literatura – as que estão circunscritas na Lei 10.639/03 –, e que considere os demais componentes curriculares, como a Geografia. Nesse sentido, a efetivação da mencionada Lei, configura-se como uma ferramenta importante ao trabalhar conteúdo da história e cultura afro-brasileira, possibilitando a escola a romper com construções ideológicas e estruturantes das relações sociais brasileiras, apontando as contradições abertas no processo de formação socioespacial deste País.

Biografia do Autor

Carla Lopes, SEEDUC/RJ

Doutora (PPGARTES/UERJ - 2019), mestre em Educação (ProPED/UERJ - 2010) e MBA em Educação Corporativa (UVA/2006) Historiadora, professora, criadora e coordenadora do PROGRAMA DE REFLEXÕES E DEBATES PARA A CONSCIÊNCIA NEGRA (PRDCN), experiência metodológica de implementação da Lei 10.639/03, e que também é um observatório de ações e práticas pedagógicas em Educação para as Relações Étnico-raciais. Coordenadora do Projeto Relatório de Avaliação do Direito ao Meio Ambiente (RDMA), desenvolvimento de metodologias e capacitação em pesquisas populares sobre DIREITO AO MEIO AMBIENTE com levantamentos, mapeamentos, análises e relatos dos próprios habitantes do território, formando grupos de avaliadores locais (Agentes Culturais do Meio Ambiente), trabalhando com seus vizinhos, lideranças comunitárias, educadores, autoridades do poder público, empresários e todos atores que influenciem e interajam no lugar. É profissional de referência com experiência em organização e descrição de acervos, tendo desenvolvido esta atividade por mais de 30 anos no Arquivo Nacional (BRASIL) e professora regente da SEEDUC/RJ (1998). Suas áreas de atuação e pesquisa são: Ciência da Informação, Oralidade, Memória, Educação, Educação para as Relações Étnico-raciais, Cinema, História e Cultura afro-brasileira, Carnaval, Escolas de Sambas e Escolas de Samba Mirins.

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Publicado

20-11-2023