Seria eu um Homem?: investigações decoloniais sobre os percalços das transmasculinidades nos feminismos
Palavras-chave:
transmasculinidades, feminismo, Transfeminismo, decolonialidadeResumo
Quando pessoas transmasculinas se autodeterminam e nomeiam as violências que sofrem, percebe-se uma reatividade de movimentos cisfeministas e transfeministas, repreendendo nossas narrativas e atribuindo às transmasculinidades o caráter opressivo da masculinidade hegemônica colonial. Seja na nomeação das transmasculinidades enquanto categorias identitárias, seja na nomeação das violências que sofrem, evidencia-se o seguinte movimento: a legitimação das transmasculinidades enquanto identidades e vítimas do sistema colonial de gênero é acusada de anular a legitimação das violências que os feminismos protagonizados por pessoas cis e transfemininas denunciam. Desse modo, buscamos, neste artigo, questionar os lugares que as transmasculinidades ocupam nos movimentos feministas, tal como refletir sobre a associação entre pessoas transmasculinidades e o sujeito universal da modernidade. Quem tem medo das transmasculinidades?
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