MARITIMIDADE: PATRIMÔNIO CULTURAL E FORMAS TRADICIONAIS DE APROPRIAÇÃO SOCIAL DO TERRITÓRIO MARÍTIMO

Resumo

O recente fortalecimento do discurso desenvolvimentista e neoextrativista confirma a pertinência e a urgência em ampliar o alcance das ideias de Cultura e
Patrimônio, transbordando fronteiras conceituais para além dos aspectos formalmente atribuídos ao setor da “cultura” aos quais os termos são tradicionalmente compreendidos e operacionalizados institucionalmente. O mar é espaço de autonomia e resistência, matéria-prima para a elaboração de
utopias rústicas que marcam a identidade de pescadores e pescadoras. Patrimônio cultural ligado a uma relação privilegiada com a natureza, enquanto espaço de sobrevivência e representação, firmada na imensidão das forças que enfrenta, a intensidade de sua entrega e a fragilidade dos instrumentos que tem às mãos. Identidade ligada à apropriação, objetiva e subjetiva do ambiente natural, de um território líquido imprevisível, indomável, ao mesmo tempo em que abundante e dadivoso.