O REI ESTÁ NÚ:
A Necropolítica presente na Questão agrária Brasileira
DOI:
https://doi.org/10.61470/o.v21i1.74602Resumo
A fábula “A roupa nova do rei” é trazida para este texto como metáfora, no sentido de introduzir a discussão que se propõe: relacionar a ideia de Necropolítica, a partir do pensador Mbembe (2020), para demonstrar como as ações do governo federal brasileiro no período 2019-2022 em relação as questões de terras, indicaram uma mudança de rumo na política nacional que culminou com um aumento da violência, da vulnerabilidade e na morte incidente em determinadas populações. Durante a gestão 2019-2022 (Governo Bolsonaro) houve um aumento expressivo dos conflitos por terras, assim como a morte de inúmeras pessoas ligadas às comunidades indígenas, quilombolas, pequenos produtores e ativistas integrantes de movimentos sociais. Ou seja, a roupa nova do rei não engana mais os súditos. Fazendo uso da pesquisa documental como percurso metodológico, reunindo relatórios, pesquisas e publicações na mídia impressa e digital, traça-se uma série de indicativos sinalizadores da prática de Necropolítica da gestão federal brasileira no que tange a disputa por terras no território nacional. Como resultado, compreende-se que a ideia de Necropolítica, além de aplicação na saúde e segurança pública, também faz sentido na análise da recente política agrária brasileira, que tem como consequência o acirramento da tensão em relação ao debate sobre as terras no país, aumentando o número de conflitos e mortes por disputa de territórios. Os dados apresentados, com base no Relatório da Comissão Pastoral da Terra (2023) evidenciam que a quantidade de conflitos no campo cresceu 50,82% quando comparados os anos de 2013 e 2022.