ETNOGRAFIA DAS POPULAÇÕES CAMPESINAS AFRO-BRASILEIRAS II: HISTÓRIA E TERRITORIALIDADE QUILOMBOLAS EM SÃO SEBASTIÃO DA GARGANTA, SILVÂNIA, GOIÁS, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.5216/emb.v16i2.61968Resumo
Este artigo apresenta os resultados analíticos obtidos através da etnografia e da pesquisa histórica e documental realizada na Comunidade Quilombola situada em São Sebastião da garganta em Silvânia, Goiás, Brasil. A partir da pesquisa “Laudos Antropológicos dos Quilombos de Goiás”, realizado pela Universidade Federal de Goiás – UFG, através de Termo de Cooperação com o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Neste sentido, construímos uma análise histórica da expansão do afazendamento e do latifúndio, ao longo do século
XVIII e XIX, e da apropriação de terras públicas, dada a especulação de que Silvânia seria território da nova capital da República e do agronegócio, na segunda metade do século XX. Neste sentido, diagnosticamos as resistências permanentes da Comunidade Quilombola analisada, buscando constituir sua historicidade e a devolução de suas terras tradicionais, através do que podemos nomear processos constitucionais de etnificação e processos adminisrativos de etnificação, viabilizados pela Constituição da República em 1988 e pelo Decreto 4887/2003 do
governo Lula. Trata-se, portanto, de entender que estes pequenos conglomerados de refugiadas e refugiados antiescravistas ocuparam todo o espaço geográfico brasileiro, construindo modos de vida, relações de parentesco, perspectivas ecológicas e ambientais de existência, de norte a sul, de leste a oeste nos confins das matas atlânticas, da caatinga, do cerrado, das florestas ao longo dos últimos quatrocentos anos.... Em qualquer quadrante que se
possa imaginar, lá estará uma Comunidade Quilombola a afirmar a liberdade como fundamento de sua sociabilidade. Em nossas pesquisas, buscamos atender as demandas políticas e sociais para a devolução dos territórios tradicionais de cinco Comunidades Quilombolas expropriadas pelo latifúndio, pela apropriação causada pelo afazendamento e pelos cercamentos e, por fim, pelo agronegócio monocultor de commodities agrícolas.
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